De Janelas Abertas

Hoje o post é totalmente diferente do que vocês estão acostumados a ver por aqui, não tão diferente assim porque ainda está cheio de fotografias legais. Mas a proposta de hoje é compartilhar um pouco do mundo com vocês. Algum tempinho atrás conheci alguns meninos do Rio de Janeiro, eles estavam de passagem por Goiânia, e de cara já nos simpatizamos, com tantas histórias legais na bagagem de cada um deles, tínhamos assunto até falar chega! Pensando em tudo, convidei o Pedro Simas para contar um pouco de como é viajar pelo Brasil e se aventurar nestas paisagens lindas. Então acho que super vale a pena ler o post!! 

 

Cidade, trânsito, fumaça, dinheiro, correria, multidão... Chega.

Em 2013 minha vida girava em torno da cidade. Meu corpo girava em torno de dores e enjoos. Minha família reclamava do meu humor, meu corpo reclamava do cansaço, meus amigos da minha ausência, só eu que não reclamava.

Perto do réveillon meu avô havia falecido (meu xará Pedro, que sempre passava a virada comigo), meu relacionamento tinha acabado e com isso minha viagem de férias também. Era o ano das derrotas em todos os âmbitos. Foi quando Deus (ou destino pra quem não acredita) me enviou a salvação (pareço até crente hahahah). Um dos meninos que trabalhava comigo, Allan, que veio a se tornar um dos meus melhores amigos, me chamou para uma viagem para Ilha Grande, uma ilha no Rio de Janeiro. Um lugar de natureza incomparável e pessoas com uma das mais incríveis vibes que presenciei. Lá fui eu. Sem conhecer as pessoas que iam viajar comigo, mas disposto a esquecer, mesmo que por uns dias, aquele ano horrível.

A energia das praias, cachoeiras e das pessoas me preencheu tão completamente que eu me sentia uma outra pessoa. Num encontro com o divino, ali eu fiz a melhor decisão da minha vida. Quero viver! (Porque até então eu estava vegetando).

Voltei de lá com isso no coração e em 2014 não quis deixar morrer, quis por logo em prática. Junto com o Allan criei um canal no youtube chamado UKELELOVERS, onde a gente viaja nos fins de semana pelo brasil, gastando pouco, conhecendo as delícias das diferentes culturas, tudo regado a muita música e amor.

Nesse meio tempo fui chamado para participar de um programa piloto chamado DESKOMBINADOS, onde 6 amigos viajariam em 30 dias o Brasil todo em uma Kombi, sim uma Kombi.

Eu sabia que seria a oportunidade da minha vida, tinha me demitido do trabalho recentemente, estava solteiro, férias da faculdade, com dinheiro guardado e com energia acumulada. Embarquei nessa com corpo e alma. Os 5 estranhos com os quais viajei se tornaram logo grandes amigos (tinha que ser assim ou nos matariam uns aos outros). Saímos do Rio de Janeiro em direção ao sul do Brasil. Passamos por Santos, Paraty, Angra dos Reis e Balneário Camboriú antes de chegar a Floripa. 

Em Floripa já estávamos confortáveis com o ritmo das viagens e das gravações. Fizemos ótimas noitadas (baladas) lá, muita mulher bonita. Foi lá onde aconteceu o primeiro revés (pra não dizer M...) da viagem. Voltando de um dos pubs conseguimos arrancar a porta da Kombi, que tivemos que pagar do nosso bolso.  Mas Floripa realmente me encantou com a paz que encontrei nas praias de lá. Eu ia todo dia as 5 da manhã com meu skate. Ia me energizar, me limpar de toda a sujeira acumulada no coração.

Dali seguimos para Foz do Iguaçu. Chegando lá não tínhamos onde ficar e demos de cara com vários albergues lotados antes de encontrar um recém inaugurado, que nos abrigou. Foz pra mim tem uma coisa mágica. Foz fica na fronteira com outros dois países, isso faz a cidade ser uma mistura de culturas. As cataratas são uma coisa sem palavras, não vou falar nada pra não limitar seu poder, vá lá se você quiser ver uma das coisas mais poderosas do mundo! Fomos ao Paraguai andando, pela ponte da amizade. É uma sensação animal poder estar em dois lugares ao mesmo tempo, mesmo que clichê. Mas você não percebe isso só fisicamente, você sente a mudança no ambiente assim que cruza a ponte. Compramos muitas muambas. E ficamos aterrorizados (eu já conhecia) com a loucura que é o Paraguai.

No dia seguinte fomos à Argentina de noite. Ótimas cervejas e uma vibe muito boa. Pena que naquele dia a argentina foi para a final. Em Foz, vimos o Brasil ser derrotado de 7x1, então não gosto muito de lembrar.

Partimos para Bonito, parando em algumas cidadelas para dormir. Chegando lá agendamos alguns passeios para o dia seguinte. De manhã cedo acordamos e fomos a um balneário chamado Ilha bonita. É como um parque aquático, só que natural. Tirolesas, pequenas quedas d’água, trampolins, um local feito por Deus (ou cosmos hahahah). Depois fomos fazer a famosa flutuação pelo rio incrivelmente cristalino. Lá tudo é protegido, é proibido encostar no fundo do rio pra não mexer no habitat dos peixes, razão essa pela qual os animais não nos temem, chegam perto mesmo.

De Bonito fomos para Goiânia. Encontramos grandes amigos que eu tinha lá e foi muito bom, até sofremos o segundo (e maior) revés da viagem. Fomos à uma festa em um parque e, durante a festa, arrombaram a Kombi e roubaram nossas coisas. Câmeras e malas. Mas isso não importa porque a vida continua a acontecer com ou sem câmeras e roupas. Goiânia me lembra amizade, me lembra pessoas de bom coração. Ponto.

De lá fomos à Chapada dos Veadeiros. Particularmente eu estava muito ansioso, sempre quis conhecer. Lá você vai encontrar cachoeiras lindas, e lugares ótimos para quem gosta de pular de pedra (eu por exemplo). De noite fomos à um hostel que estava fazendo uma festa, com cerveja barata, luzes fracas e um reggae muito gostosinho. Foram dias muito divertidos, pra captar todas as ondas de alegria enviadas pela natureza de lá.

Da Chapada dos Veadeiros partimos para a Chapada Diamantina. Outro lugar que eu estava doido para ir. Na Diamantina a as cachoeiras são diferentes, de água escura mas lindas. Lá encontra-se a maior cachoeira em queda livre da américa. Cachoeira da fumaça. São 380 metros nos quais a água nem chega a tocar o chão (ela sobe em forma de fumaça, daí o nome). Além de alta, ela possui uma pedra que funciona tipo um mirante (imagine aquela pedra do Rei Leão) onde da pra ir. Eu fui, com um medo gigante (e com dois amigos segurando minhas pernas) e consegui tirar a foto mais legal da vida! 

Ainda lá em cima tem um riacho super isolado onde as pessoas ficam nuas pra tomar banho, eu fui (ninguém mais quis ir comigo) e aproveitei pra limpar o resto de cidade e correria que ainda restavam. Paz e liberdade foi o que eu senti.

Da Diamantina fomos pra Porto Seguro, cidade linda e de praias lindas também. Dancei muito axé (imagine um cara loiro de 1,90 de altura dançando axé), fingi ter sotaque baiano, e tomei muita água de coco. Era o último destino pois com o furto ocorrido em Goiânia tivemos que encurtar a viagem.

Voltei pro Rio sabendo que ia sofrer, mas desta vez não ia ser por excesso de trabalho, ou com o trânsito caótico. Ainda estou sofrendo de lembrar desses dias que pude entrar em contato comigo mesmo, ver o divino ao olhar pras pessoas, sentir aquela paz que a natureza nos passa pelos poros.

Bem, não vejo a hora de voltar pra estrada, e acho que nunca mais vou conseguir viver na cidade do mesmo jeito, sabendo que “lá fora” tem tanta vida pra viver. A viagem foi uma caminhada pelo interior do Pedro, pela minha essência, o que eu sou sem as influencias do trabalho e do estresse.  É como uma das minhas músicas preferidas do Strokes diz: You only live once (você só vive uma vez). Não feche as janelas, lembre-se sempre de tudo que você ainda tem pra viver. E viva!

Se você quiser ver um pouco mais do que eu vivi, vai lá no meu Instagram e no meu canal no Youtube, o Ukelelovers.

Um pouquinho do mundo para vocês, espero que vocês tenham gostado, me digam nos comentários o que acharam do post, quem sabe eu não trago mais experiências interessantes para vocês?!!
Não deixem de ler, de acompanhar e de me contar. =D

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