Milímetro

Em 3 de agosto de 2013

A gente pode se casar de novo. De brincadeirinha como quando tínhamos seis anos, e brincar de estar brincando aos sessenta. A gente pode se casar aos dezesseis. Aos vinte e seis, de seis em seis, das seis as seis. Na Grécia, em Paris, na Praia, na catedral, na Av. Paulista, na casinha da árvore. E eu quero te procurar na chuva, te procurar no tapete, vestir suas camisetas, e bagunçar seus discos, me irritar com você, e fugir. E fugirmos juntos. Brigar pelo controle, pela parede da sala, pela sobremesa, e perdermos o controle juntos no sofá. E te olhar da janela enquanto você rega o jardim, e te olhar quando você não fizer nada, e beijar seus ombros. E morder suas costas, e te dar a mão, a boca, o peito, os olhos, e não te dar nada. E não pedir nada, e sermos tudo, sermos um, sermos todos, sermos loucos, sermos nós.

Ouvir sobre seu dia, e chorar pelo meu, e te contar sobre aula, e sobre minhas paranoias. Criticar seu filme favorito, e não poder ver o meu, odiar suas caras, amar suas bocas, comprar discos que não serão ouvidos. Sermos ouvidos, e cheiros e tatos. Rir dos seus retratos, e te mostrar os meus, e sentir saudades durante o almoço, mas te deixar tirar um cochilo, ouvir a narração do seu torneio favorito que disputa final no dia seguinte, ouvir triste suas desculpas, e te pedir desculpas tristes. E ficar feliz quando você entende. E odiar suas meias, amar seus meios, sentir frio quando você não me oferecer seu moletom, e sentir calor quando você não pedir para tirá-lo. Ficar te olhando enquanto você pinta um quadro, dizer que é uma arte fazendo outra, que adoro seus olhos, suas sardas, suas coxas.

Odiar os seus vícios, e ficar feliz por suportar os meus. Ficar escrevendo até você voltar, ficar escrevendo sobre você chegar. Escrever nosso aconchego. E te dar mais perfumes do que você usa, e decorar todos eles. Ler Freud durante o piquenique, e ler Lispector, e ler suas cores, e suas curvas. E me arrepender pelos meus surtos, e me alegrar quando você entende. Ouvir sua voz pela manhã, e seu silêncio pela noite, ler suas cartas no seu timbre, e me assustar com seu silêncio. E adorar suas manias, e ajeitar suas manhas, te falar sobre a novela, e sobre um casal 'que era novelo'. E te abraçar quando estiver cansado, e te aguentar quando estiver triste. E te pedir pra ir embora, e ficar te esperando voltar. 

Cantar no seu ouvido, e te abraçar no campo. Combinar os nossos signos, e descombinar nossos pijamas. Contornar as linhas das suas tatuagens com as pontas dos dedos. Guardar seu nome na ponta da língua. E ter ciúme de você, e me preocupar com seus atrasos, e festejar suas vitórias. E te dar todos os motivos pra ir embora, e te ver ficando. E ficar com você, ficar com você no lado mais alto da montanha vendo o pôr-do-sol e te cantar Cazuza. E ouvir as músicas que eu amo, e também as que eu odeio. Entrar no carro e ligar na minha rádio favorita. E apostar todas as fichas, e me perder pra você. 

Desarrumar suas coleções, e suas luvas, ajeitar nossos caminhos, te escrever um texto, te escrever uma música. E te dedicar uma música brega num karaokê barato, e te cantar here comes the sun, até chegar a lua. Ler seus livros favoritos, decorar um poema, te usar de travesseiro, te amar atravessado. E te falar sobre amor, sobre câncer, sobre cura, e te ajeitar na mala pra marcar com tachinhas meu mapa-múndi, e viajar em você. Quero te acampar no meu jardim, numa segunda-feira, e te falar sobre ser, sobre céu, sobre estrelas, e te contar pra elas. Quero te dar um anel, te dar saturno. E esperar por 29 dias, enquanto você não volta, e te amar por vinte e nove anos, por trinta vidas.

E te encontrar pra um café, e não reclamar quando você pedir sorvete. E te mostrar minha lista de sonhos, assim numa quarta feira de sol, e não querer que você me ajude a riscá-la, mas que escreva ainda mais. Quero te amar ao meio dia, e pela tarde, e em marte. Quero escrever nossos nomes numa parede da cidade, que é pra todo mundo ver que eu te amei, pra nossa história esbarrar em outras, quero tropeçar em você, e não me levantar nunca mais. Quero escrever um texto feito esse feito pela gente, feito gente. E organizar sua gaveta, e bagunçar sua cama. E te ouvir bravo por não entender meu medo, e choramingar pra te dizer um não, porque poucas pessoas conseguem te dizer não.

Quero te encontrar quinhentas vezes e me perder em todas elas. Quero sentir medo de amar, e te amar mesmo assim, te contar o incontável, e ficar, mesmo quando ir parecer mais fácil. E ir ficando. Mesmo você esperando que eu vá qualquer dia, mesmo eu sabendo que posso ir, quero escolher ficar, porque a vontade de morar no mundo é grande, mas a de morar em você é ainda maior. Quero te contar que é amor o nó em nossa volta, na minha volta, e rir por você não acreditar, mas é. Era desde o primeiro oi que você me disse. E escrever três futuros diferentes, amando desmedidamente cada milímetro seu. E te amar as pressas. E te amar as prosas. Derramar o chá, reamar. E te odiar todos os dias, te amando sempre um pouco mais. 

Texto de Tainá Oliveira



8 vagalumes cegos:

  1. Que texto mais lindo, quase chorei aqui =s

    chadecalmila.blogspot.com
    Fan Page > facebook.com/blogchadecalmila

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  2. que texto lindoooo!
    e amei o banner daqui, AMEI!

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  3. Maravilhoso. Tem como pedir pra essa menina me encontrar? kkkk Muito bom o texto parabéns pra ela. E o seu blog, parabéns pra você. :)

    henriquemontoya.blogspot.com.br

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    1. Hahaha, vou visitar seu blog!! Obrigada pelo parabéns, haha ;)

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  4. Gostei muito da música e o texto está super bem escrito, descrevendo bem os momentos de um relacionamento!
    Beijão;*
    blog-brigadeirando.blogspot.com.br

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  5. Gi, sua linda!! Adorei, eu como toda boba que sou e amante desse cantinho, tirei print! hahah. E olha adorei a música que você escolheu viu? Tá de parabéns.

    Um super beijo <3
    http://venenosemacas.blogspot.com.br/

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  6. Nossa, que texto mais incrível.
    Falar de amor sem ser clichê, taí um texto de grande admiração mesmo.
    Estou chocada aqui.
    Lindo, lindo, lindo, Maravilhoso!
    Quero um dia escrever assim! hahaha' Parabéns Tainá!
    Beijos.
    http://perolairregulaar.blogspot.com.br

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